sábado, 24 de março de 2012

A Flor da Honestidade



Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na

China antiga, um príncipe da região norte do

país, estava às vésperas de ser coroado

imperador, mas, de acordo com a lei, ele

deveria se casar.

Sabendo disso, ele resolveu fazer uma

"disputa" entre as moças da corte ou quem

quer que se achasse digna de sua proposta.

No dia seguinte, o príncipe anunciou que

receberia, numa celebração especial, todas

as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma velha senhora, serva do palácio há

muitos anos, ouvindo os comentários sobre

os preparativos, sentiu uma leve tristeza,

pois sabia que sua jovem filha nutria um

sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem,

espantou-se ao saber que ela pretendia ir à

celebração, e indagou incrédula :

- Minha filha, o que você fará lá? Estarão

presentes todas as mais belas e ricas moças

da corte.

Tire esta ideia insensata da cabeça, eu sei

que você deve estar sofrendo, mas não

torne o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu :

- Não, querida mãe, não estou sofrendo e

muito menos louca, eu sei que jamais

poderei ser a escolhida, mas é minha

oportunidade de ficar pelo menos alguns

momentos perto do príncipe, isto já me

torna feliz.

À noite, a jovem chegou ao palácio.

Lá estavam, de fato, todas as mais belas

moças, com as mais belas roupas, com as

mais belas joias e com as mais

determinadas intenções.

Então, finalmente, o príncipe anunciou o

desafio :

- Darei a cada uma de vocês, uma semente.

Aquela que, dentro de seis meses, me

trouxer a mais bela flor, será escolhida

minha esposa e futura imperatriz da china.

A proposta do príncipe não fugiu às

profundas tradições daquele povo, que

valorizava muito a especialidade de

"cultivar" algo, sejam costumes, amizades,

Relacionamentos etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não

tinha muita habilidade nas artes da

jardinagem, cuidava com muita paciência e

ternura a sua semente, pois sabia que se a

beleza da flores surgisse na mesma extensão

de seu amor, ela não precisava se preocupar

com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu.

A jovem tudo tentara, usara de todos os

métodos que conhecia, mas nada havia

nascido.

Dia após dia ela percebia cada vez mais

longe o seu sonho, mas cada vez mais

profundo o seu amor.

Por fim, os seis meses haviam passado e

nada havia brotado.

Consciente do seu esforço e dedicação a

moça comunicou a sua mãe que,

independente das circunstâncias retornaria

ao palácio, na data e hora combinadas, pois

não pretendia nada além de mais alguns

momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso

vazio, bem como todas as outras

pretendentes, cada uma com uma flor mais

bela do que a outra, das mais variadas

formas e cores.

Ela estava admirada, nunca havia

presenciado tão bela cena.

Finalmente chega o momento esperado e o

príncipe observa cada uma das pretendentes

com muito cuidado e atenção.

Após passar por todas, uma a uma, ele

anuncia o resultado e indica a bela jovem

como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais

inesperadas reações.

Ninguém compreendeu porque ele havia

escolhido justamente aquela que nada havia

cultivado.

Então, calmamente o príncipe esclareceu :

- Esta foi a única que cultivou a flor que a

tornou digna de se tornar uma imperatriz.

A flor da honestidade, pois todas as

sementes que entreguei eram estéreis.A

honestidade é como uma flor tecida em fios

de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha

claridade ao redor.


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